“Quando Deus criou o homem, insuflou em suas narinas o sopro da vida!”
(Gn 2,7)
A primeira coisa que fazemos ao nascer é respirar e será a última que faremos quando morrermos. Respirar significa estar vivo!
É justamente no inverno que as doenças das vias aéreas, que nos dificultam respirar, mais aparecem. E, pela profundidade emocional que o ato de respirar possui com nossa existência, as doenças respiratórias sempre quando surgem nos servem de alerta para medirmos nosso grau de alegria pela vida, para trabalhar nossas tristezas, frustrações e nossa expressão.
O termo “spiritus”, se liga diretamente à palavra “inspirar”. Curiosamente a palavra alemã “atmen” que significa respirar se assemelha à palavra indiana “atma” que significa alma. Para os antigos alquimistas o óleo essencial era a “alma ou espírito das plantas”, o mesmo espírito que “insuflado” em nossas narinas nos devolve a vida e a capacidade de respirar bem novamente.
A área pulmonar é um dos melhores meios para absorver e beneficiar-se dos óleos essenciais e, se o problema acontece justamente alí, os resultados são ainda mais rápidos.
Normalmente quando pensamos em utilizar algum óleo essencial para a respiração, nos lembramos de óleos frios como o eucalípto e a hortelã devido a sua ação expectorante e mucolítica. O eucalípto, por exemplo, é composto por uma molécula de cineol (eucaliptol).
O cineol, junto do mentol, são moléculas criadas pelas plantas com finalidade justamente de mover calor de suas folhas em dias muito quentes, calor este, que dentro dos nossos pulmões, vai manifestar-se na forma de congestão (febre interna). Ao resfriar os pulmões, estas substâncias retiram a congestão quente facilitando a respiração com a eliminação do catarro. Nos problemas relacionados à produção excessiva de catarro, como sinusite, rinite e bronquite, os óleos ricos nestas moléculas são os melhores.
Além de potente descongestionante, o óleo de hortelã pimenta mostrou eficaz ação antimicrobial para 17 espécies de bactérias e fungos ocasionadores de doenças respiratórias. Igualmente, em estudos, o componente cineol do eucalípto glóbulus mostrou atividade antimicrobial similar com aumento da resposta imunológica. Ele também foi útil no tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica, melhorando a respiração e a dispnéia por agir como antiinflamatório das vias respiratórias e na bronquite asmática.
Nos casos mais graves que envolvem sinusite infecciosa crônica, com catarro amarelo e mau cheiro, a utilização via inalação de óleos essenciais antibióticos como o tea tree ou cravo da Índia associados ao hortelã pimenta ou eucalípto glóbulos apresentam melhores resultados. O cipreste é outro óleo muito eficaz pela sua ação secativa do catarro.
Nos casos de rinite envolvendo alergia, o emprego via inalação do óleo de lavanda, camomila romana ou espruce se tornam as melhores opções terapêuticas.
Como causa emocional, a psicossomática diz que a sinusite e a rinite são um sinal de que seu ego está profundamente irritado com alguma pessoa que convive com você. É provável que esta pessoa tente constantemente invadir seu espaço vital. Na verdade, o nariz representa a nossa sensibilidade quanto à aceitação ou recusa de algo ou alguém. Os óleos expectorantes citados trabalham também a expressão emocional nestes casos, mas com certeza o óleo de camomila romana é uma das melhores opções, pela sua capacidade de trabalhar o perdão, a humildade, o reconhecimento e as insatisfações e inconformismos com a vida.
Entre os hábitos que mudam dos dias quentes para os dias frios, o baixo consumo de líquido ao longo do dia é um deles. Diferentemente do verão, quando as pessoas sentem sede por transpirarem mais, no inverno, a hidratação ocorre com menor frequência. A desidratação somada a “gatilhos” emocionais podem ser a rezão do surgimento ou intensificação dos sintomas da asma neste período.
Contudo, em muitas situações nem sempre a desidratação é o único fator causador. A dificuldade em respirar, pode ser uma manifestação física de um sufocamento emocional, advindo de pais, companheiros ou filhos controladores. A pessoa sufoca, por não dizer o que pensa, fazer o que quer, ser ela mesma. Em outras situações, o indivíduo usa a asma como meio de controlar o ambiente à sua volta, passando a ser o centro das atenções, devido à sua dificuldade em saber ceder (entender), dar ou receber.
Junto com o inverno, também surgem os resfriados e gripes. Existe o óleo de uma planta nativa de Madagascar que é muito eficaz em tratar de gripes e resfriados, é o óleo de ravensara aromática. Estudos médicos franceses feitos com este óleo mostraram que ele possui uma potente atividade antiviral e imunoestimulante, contribuindo na cura de gripes em curto espaço de tempo.
Tosse é outro problema comum no inverno, às vezes pelo frio ar seco de alguns lugares. Geralmente o óleo de hortelã pimenta ou eucalípto glóbulus soluciona quando a tosse é catarral.
E por último, não poderíamos deixar de falar na canela, no gengibre e no cravo da Índia, ingredientes do quentão comum nas festas juninas. Esses óleos essenciais são especialmente úteis neste período numa série de situações. Primeiro, eles são afrodisíacos e, ter o aroma de canela no quarto no momento a dois é muito aconchegante e erótico num dia frio. O óleo de canela traz energia e vigor à tona. Aquece eliminando o frio por ser vasodilatadora e aumenta a circulação sanguínea, trabalhando a “tristeza pulmonar”. Mas atenção: não use canela em massagens íntimas, pois pode ocasionar queimaduras da pele.
O óleo de gengibre obtido pelo método de extração possui alta concentração de gingerol, que lhe dá sua ardência característica. Canela e gengibre são dois óleos muito úteis em um problema agravado pelo frio e sedentarismo, o reumatismo.
Óleos frios, geralmente ricos em mentol, cânfora ou salicilato de metila, como o famoso “óleo doutorzinho”, so aliviam as dores, não agindo como eficientes antitiflamatórios na causa do problema. Eles agem enganando os receptores nervosos, causando analgesia, porém encobrindo o problema. Por outro lado, óleos essenciais como o gengibre, a copaíba, a canela e o orégano possuem amplos estudos sobre sua atividade antiinflamatória. Esses óleos não só desinflamam curando, mas agem aquecendo, melhorando a circulação e trabalhando as causas emocionais que o reumatismo carrega consigo: a rigidez, o medo e a amargura. Para curar emocionalmente esta doença é preciso voltar a “brilhar” na vida com a energia do sol, como a canela faz sem medo e com todo seu calor. Sendo preciso também se aterrar com suas “raízes” de novo para viver sem medo, como faz o gengibre.
Texto editado do original: Aromaterapia para o inverno. Laszlo – Jornal Informativo de Aromatologia. Página 3. 4° Edição, Ano III – Junho 2013. Edição de Colecionador.
Nota de esclarecimento: A ingestão dos óleos essenciais não é reconhecida no Brasil como fazendo parte dos medicamentos oficiais. O uso interno de alguns óleos essenciais, deve ser somente indicado por profissional autorizado e competente.